"A guerra aberta entre a Comissão Política Concelhia de Guimarães e a Federação Distrital de Braga do Partido Socialista parece estar relacionada com uma alegada incompatibilidade da vereadora da Cultura da autarquia vimaranense com a presidente da sociedade que vai gerir os dinheiros da Capital Europeia da Cultura (CEC) 2012.
Fonte da Federação presidida por Joaquim Barreto revelou ao Diário do Minho que a estrutura vimaranense liderada por Domingos Bragança «quis forçar a entrada de Francisca Abreu na lista de candidatos a deputados, porque António Magalhães pretendia afastar a actual vereadora da Cultura, que se incompatibilizou com Cristina Azevedo». A tese da incompatibilidade é também ventilada por uma outra fonte da Concelhia vimaranense, que não esconde o embaraço em que a vereadora da Cultura da Câmara Municipal de Guimarães colocou a autarquia presidida por António Magalhães, quando, «de uma forma ostensiva, criou sérios problemas de relacionamento com Cristina Azevedo, numa tentativa de chegar a presidente da sociedade».
Receando que o confronto da vereadora com a dirigente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte que vai gerir os milhões da CEC acabe por prejudicar a mega realização cultural, Magalhães terá visto na lista de deputados uma boa solução para o problema. O “envio” de Francisca Abreu para Lisboa abria ainda portas à subida de Sofia Ferreira a um lugar elegível na candidatura à Câmara Municipal. A filha de Manuel Ferreira, um histórico “funcionário político” da Associação de Municípios do Vale do Ave, via mesmo a actual candidatura como “a última oportunidade” de assumir um pelouro na Câmara de Guimarães.
Seja como for, certo é que a “guerra” entre os socialistas de Guimarães na corrida à autarquia marcou mesmo o discurso de apresentação da candidatura de António Magalhães, que passou um bom bocado da sua intervenção a “justificar” a dança de cadeiras. E se para Sofia Ferreira anunciou um lugar na Entidade Regional de Turismo do Porto e Norte de Portugal, a verdade é que o socialista que concorre ao último mandato tem, em caso de vitória, um sério dilema pela frente: ou retira o dossiê da Capital Europeia da Cultura a Francisca Abreu, que foi colocada no terceiro lugar da lista para a autarquia, ou corre o risco de ser chamado a apagar vários fogos, quando a incompatibilidade entre a “sua” vereadora da cultura e a presidente da sociedade gestora da CEC voltar a manifestar-se. Para já, Magalhães foi elogiando o trabalho de Francisca Abreu na conquista para Guimarães da Capital Europeia da Cultura 2012. Mas, como no futebol, também na política aos elogios segue-se, frequentemente, uma decisão completamente oposta".
Joaquim Martins Fernandes, no Diário do Minho